Mudar de casa constantemente não é uma boa alternativa e pode gerar diversos problemas tanto do ponto de vista econômico, como também do ponto de vista comportamental. É verdade que algumas pessoas por inúmeras razões mudam de residência de tempo em tempo e quando há uma boa justificativa não há muito o que dizer, mas esta é uma atitude que precisa ser repensada quando possível. Abaixo relacione alguns possíveis problemas que uma família pode ter devido ao excesso de mudança de endereço.
O primeiro problema é com o desgaste dos móveis da casa que inevitavelmente acaba sofrendo por causa da mudança, isso se aplica especialmente a guarda-roupas, armários e os móveis que precisam ser desmontados e depois montados no novo endereço. Muitos materiais utilizados para fabricação de móveis são bastante sensíveis e o excesso de montagem e desmontagem acaba tornando-os mais frágeis ainda.
Sinceramente: móveis foram feitos para serem montados e ficar quietos lá. Exceto, se você tiver móveis de muita qualidade para aguentar o tranco. A maioria desses de MDF não suporta muita montagem e desmontagem.
Excesso de mudanças também pode trazer problemas financeiros, já que uma mudança de endereço custa caro e não estou falando apenas do custo do transporte, mas de tudo que envolve uma mudança no sentido de adaptar-se ao novo local e em muitos casos de reformar a casa onde morava. Isto pode acontecer especialmente quando o antigo imóvel era alugado.
Geralmente em uma mudança, ocorre de um móvel estragar e ter de comprar outro ou de surgir uma nova necessidade que você não tinha na casa antiga e agora terá um gasto que não estava previsto. Isto é algo relativamente comum e envolve os gastos extras que uma mudança proporciona.
Mas existe outro programa que vai além da questão financeira e material, estou falando de problemas comportamentais que podem estar associados ao fato da pessoa ter dificuldade para criar raízes em um determinado local. Este problema pode ser mais grave para as crianças que acaba ficando sem um referencial de moradia, uma vez que um dia ele está morando em um lugar, depois em outro, depois em outro e assim por diante. Referencial ou criar raízes é saudável para crianças e para toda família e portanto neste aspecto a mudança constante de endereço pode trazer problemas como os citados acima.
Segundo James B. Kirkbride, professor da Universidade de Londres, um dos responsáveis pelo estudo, uma ou duas mudanças de endereço não tem risco de trazer transtornos psiquiátricos às crianças. A partir daí tem sido notados transtornos aliados até mesmo a delírios e alucinações.
É importante ressaltar que este estudo mostra uma correlação de tendência, não quer dizer que a partir da 4 mudança de casa a criança vá necessariamente desenvolver um transtorno.
É importante lembrar neste ponto que crianças abaixo de 6 anos são muito dadas à rotinas, então a mudança pode gerar uma insegurança por causa da quebra dos costumes rotineiros.
Depois dos 6 anos a principal adaptação da criança ou adolescente pode ser a mudança de amigos e escola.
Podemos dizer seguramente que uma linha de comunicação aberta entre pais e filhos pode afastar boa parte destes problemas e que entender as necessidades da criança e adolescente fazem parte não apenas dos processos que envolvam mudanças, mas da própria educação em si.
Para Markus Jokela, sim. Segundo o estudo por ele referido pessoas com maior QI, entre 25 e 29 anos são naturalmente atraídas para os grandes centros, e mudam de casas quando seu status socioeconômico muda. No entanto são atraídas a voltar para a origem quando se aposentam. Logo elas se mudam mais ao longo da vida.
A obsessão por mudança de móveis de lugar ou até de casa, pode ser resultado de um toc. Se a mudança é feita por ansiedade ou para obter alívio emocional, o recomendado é procurar ajuda médica, pois pode haver um problema maior associado. Um toc não deve ser de forma alguma confundido com o prazer de mudar para uma casa melhor ou coisa do tipo. Segundo a psiquiatra Vanessa Pinzon
"A patologia se expressa na combinação do ritual da arrumação da casa ou da recolocação de móveis em lugares diversos com a angústia de nunca estar satisfeito com os resultados, ocasionando prejuízos familiares, sociais e profissionais"
Então se existe uma constante insatisfação, preste atenção e reveja seu estado mental e emocional.
Se o problema do excesso de mudanças for em função de aluguel, uma saída seria tentar comprar uma casa própria e assim poder estabelecer raízes. Atualmente alguns programas ajudam no financiamento da casa própria como é o caso do programa Minha Casa Minha Vida do governo federal eu e outros que beneficia famílias de baixa renda. Hoje está bem mais fácil financiar um imóvel do que antigamente e existe uma lógica interessante nisso: o valor que você paga de aluguel geralmente é proporcional ao valor que você pagaria de uma prestação de uma casa financiada. A diferença é que você está apagando o que é seu.
REFERÊNCIAS
Artigo: Mudar de casa muitas vezes pode aumentar o risco de psicose. O maior risco foi entre os jovens de 16 a 19 anos que se mudaram mais de três vezes. Nicholas Bakalar/ The New York Times. Matéria do Jornal o Globo. Acesso em 8/9/19. Link.
Artigo: As pessoas mais inteligentes são as que mais mudam de casa, segundo um estudo. Site Idealista. Autor da teoria: Markus Jokela. Acesso em 8/9/19. Link.
Obsessão por mudança chega a ser patológica. Folha de São Paulo. Acesso em 8/9/19. Link.
Por Casa Dicas e Samara Gisch Ferreira